INTRODUÇÃO
Este trabalho aborda a
importância da ação do professor nas manifestações sexuais da criança nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, tendo em vista que a
atual geração da sociedade é bombardeada pela estimulação precoce à erotização,
o que vincula a falta de uma educação voltada à questão da sexualidade, é comum
depara-se com meninas e pré-adolescentes grávidas precocemente, quando não, uma
imensidade de jovens que contraem doenças sexualmente transmissíveis, e
conseqüentemente se deparam com situações de escarno, a margem de exercerem sua
cidadania de forma plena.
O ensino das
Ciências Naturais, especificamente na dimensão da sexualidade objetiva
esclarecer por um encaminhamento pedagógico questões relacionadas ao sexo,
livre de preconceito. Este é um tema que trata de dúvidas sobre preservativos, DST,
organismo masculino e feminino, anticoncepcionais e gravidez, mas, sobretudo ao
enfocar a questão da sexualidade infantil deve-se considerar o sentimento,
comportamento e desenvolvimento sexual das crianças.
Mediante a situação da sociedade descrita
acima, a importância de abordar este assunto nos Anos Iniciais é de fundamental
importância, pois é nesta fase que a criança desperta curiosidade em
compreender o sexo oposto, bem como surgem às perguntas relacionadas às
diferenças existentes nos genitais, como nascem os bebês, etc. Em suma, objetivo
principal da educação sexual é preparar as crianças e adolescentes para a vida
sexual de forma segura.
SEXUALIDADE INFANTIL E O PAPEL DO
PROFESSOR
A
sexualidade, elemento da essência humana, coevo em várias dimensões
representativas, designa predisposições ou experiências sexuais, na descoberta
da sua identidade e atividade sexual. Fisiologicamente falando, sexualidade é a
aptidão inata que se tem por um parceiro do sexo oposto, tendo como alvo a
união dos órgãos sexuais, visando à reprodução da espécie; em uma percepção
psicológica, sexualidade conota um conjunto de atividades que, objetivam
adquirir prazer. Os parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 117)
definem Sexualidade como algo que:
(...) tem grande importância no
desenvolvimento e na vida psíquica das pessoas, pois independentemente da
potencialidade reprodutiva, relaciona-se com a busca do prazer, necessidade
fundamental dos seres humanos. Nesse sentido, a sexualidade é entendida como
algo inerente, que se manifesta desde o nascimento até a morte, de formas
diferentes a cada etapa do desenvolvimento. Além disso, a sexualidade
construída ao longo da vida encontra-se necessariamente marcada pela história,
cultura, ciência, assim como pelos afetos e sentimentos, expressando-se então
com singularidade em cada sujeito.
Segundo o Art. 2º –
Estatuto da Criança e do Adolescente, em bases teóricas, a sexualidade, tem seu
principio na à puberdade, o ocorre por volta dos 12 anos de idade. As contribuições do psicanalista Freud a cerca da sexualidade humana e
da sexualidade infantil, tonaram mais compreensíveis esta organização em cada
individuo. Para ele, "todos os
impulsos e atividades prazerosas são sexuais, porque a seu ver a
“sexualidade" é algo inerente,
que se exprime desde o momento do nascimento até a morte, de formas diferentes
a cada etapa do desenvolvimento." Com isso, comprova que "a
sexualidade humana não se liga à genitalidade e que se organiza a partir de
operações psíquicas."
Foucault, através
de um estudo historiográfico, ratifica que a sexualidade das crianças e
particularmente dos adolescentes, é preocupação escolar desde o século XVIII,
quando esta questão tornou-se um problema público. As sociedades
antigas compreendiam que na infância não existia a pulsão sexual, estas só era despertada
no período da vida designado de puberdade. Este um equívoco que trouxe graves
conseqüências no decorrer da formação humana e social. Após as descobertas de
Freud, a sociedade, vem em um processo de refinamento dos conceitos e
evidencias da sexualidade na formação do ser humano como pleno, assim a
sociedade do vigente momento percorre um caminho de familiarização e compreensão
das diferentes formas de expressão da sexualidade infantil. Desta feita a
escola como instituição escolar com a obrigação de formar plenamente os
cidadãos deve-se constituir espaço legítimo e formal para a discussão dessa temática
no contexto atual contemporâneo.
Portanto, em
primeiro plano a sexualidade trabalhada na dimensão escolar remete-se à
compreensão de que ela não é apenas uma questão pessoal, mas é social e
política, pois afirma Foucault, que esta é um "dispositivo histórico”,
ou seja, uma invenção social de discursos que regulam, normatiza e instaura
saberes, que produzem "verdades". Sua definição de dispositivo sugere
a trilha de um trabalho sistêmico e atuante:
“Um conjunto decididamente heterogêneo que
engloba discursos, instituições, organizações arquitetônicas, decisões
regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciados científicos,
proposições filosóficas, morais, filantrópicas (...) o dito e o não-dito são
elementos do dispositivo. O dispositivo é a rede que se pode estabelecer entre
esses elementos” (Foucault, 1993, p.244).
Diante do exposto,
a Educação sexual não significa apenas passar informações sobre sexo, é,
sobretudo o contato pessoa/pessoa, na transmissão de valores, atitudes,
comportamentos, que de acordo com o PCN´s o processo de intervenção pedagógica
no coletivo discuti e oferece critérios para discernir comportamentos, eleger
valores em dimensão pessoal e social, com eixo na reflexão. Assim a orientação sexual implica num mecanismo mais elaborado, segundo
o qual, baseando-se em uma metodologia de práticas de analise e discussão.
O papel que o
professor exerce é de extrema relevância na sexualidade da criança,
orientando-a no dia-a-dia, submetendo-os a momentos de reflexão séria sobre,
entre outras coisas, seus comportamentos.
possibilitar as discussões
das emoções e valores” (TELES 1992).
O tema deve ser
abordado com espontaneidade, por intermédio de aulas planejadas e organizadas,
debatendo várias informações em diversos suportes. São exemplos de encaminhamentos
pedagógicos: projeto sobre o assunto, boas atividades sugeridas em livros
didáticos, pesquisas, exibição de vídeos, confecções de cartazes, panfletos,
etc. Todo trabalho deve origina-se da conversar com a turma, fazendo o
levantamento prévio do que os alunos já sabem e do que necessitam aprender,
suas curiosidades, suas dúvidas, interesse no tema, etc. O desenvolvimento
deste trabalho deve ser interdisciplinar, promovendo o sentido crítico, a
autonomia e a responsabilidade. Os conteúdos a serem trabalhados estão
dispostos em blocos: Corpo: matriz da sexualidade, Relação de gênero e
Prevenção às doenças Sexualmente Transmissíveis/ AIDS.
A distinção entre os
conceitos de organismo e corpo vão além de informações de anatomia e
funcionamento, assim fazem parte deste bloco os conteúdos como: transformações
nos corpos em diferentes fases da vida, mecanismo de concepção, respeito ao
próprio corpo, fortalecimento da auto-estima, etc. Em relação aos padrões de
comportamento dos gêneros construídos a partir de diferenças biológicas
enfocam: diversidade de comportamento em função de épocas e locais,
relatividade das concepções tradicionalmente associadas ao masculino e ao
feminismo, o respeito aos outro sexo e as variadas expressões de feminismo e
masculino. Os principias conteúdos a serem trabalhados no bloco de Prevenção
procuram erradicar as informações errôneas e equivocadas sobre o assunto, o
enfoque recai em: conhecimento de existência de doenças sexualmente
transmissíveis, compreensão das formas de prevenção, recolhimento, analise e
processamento de informações sobre a AIDS, repudio a descriminalização em relação
a portadores de AIDS e o respeito e a solidariedade a portadores de HIV.
Pautados nestas
concepções foi realizada uma pesquisa com
professores da rede pública que teve como alvo levantar questionamentos e
ampliar o leque de conhecimentos acerca de como as séries iniciais do ensino
fundamental se relaciona com a temática sexualidade. A pesquisa constatou que a
maioria dos professores não se sentem com segurança para ministrar conteúdos
deste bloco tendo em vista o ainda existente preconceito por parte dos pais dos
alunos e a falta de capacitação nesta área. Leia a reposta de umas das
professoras ao ser questionadas cerca de como trabalha a sexualidade em sala:
“Trabalhar com a
questão da sexualidade é muito complexo tendo em vista a grande banalização do
erotismo ocorrida pela mídia e meios de comunicação, são músicas com gestos
promíscuos, letras detrativas, com teor de sexo implícito. Diante disso
crianças são submetidas a uma cultura onde a sexualidade denota poder de
comando e autoridade. Na sala quando as manifestações são feitas com intenção
obscena abro uma roda para o diálogo e questiono a origem de expressões e
gestos usados ocasionalmente. Então defendo a descrição biológica dos
processos, enfocando os valores que a sociedade hoje aponta como corretos, e
outros como ultrapassados”
Professora dos Anos iniciais da cidade de Gameleira PE.
Consoante a este
depoimento vemos como a mídia tem influenciado cada vez mais cedo as crianças a
desenvolverem posturas precocemente em relação ao sexo, e isso tem causado uma
construção equivocada acerca de sexualidade, o que remete no como abordá-la
pedagogicamente em sala, uma vez que o que se debate em sala é desconstruído
pelos meios de comunicação. Outra professora da cidade de Palmares, estado de
Pernambuco deixa evidente sua principal dificuldade nos encaminhamentos acerca
da temática:
“A grande dificuldade
que por ter uma consciência e vivências sexuais precoces às crianças de tendem a procurar a seu jeito
um caminho a seguir, experimentam, usam e depois conversam sobre o assunto com
os colegas, e é basicamente ai, quando entra o professor em cena, com as
inusitadas declarações em sala. Que por muitas vezes não dispõe de uma formação
na área, e falta ação, a fim de correr atrás do prejuízo causado por
frustrações e falta de conhecimentos. Procuro tratar o tema naturalmente sempre
aproveito as curiosidades, para não cair na teia descrita acima, prefiro ser
aberta ao tema com certa cautela, do que presenciar meus alunos sofrerem uma má
formação, que acarretará sérios problemas para o resto as vida.”
Professora das Séries Iniciais da cidade de Palmares PE.
Sem dúvida um dos
principais requisitos ao se trabalhar a orientação sexual em sala é a pesquisa
e a disposição em aprender, pois se há falta de formação nesta temática, cabe
ao professor empenhar-se em desenvolver bem sua função de ensinar. Este ensino
como orienta os PCN’s deve pauta-se em valores e comportamentos individual e
coletivo, embasado no diálogo livre de visão ambígua que comprometa a
integridade da formação do cidadão.
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