sábado, 1 de fevereiro de 2014

Crise dos 2 anos: 10 dicas para lidar com a adolescência da criança

Quem já não se deparou com crianças reinando em lugares públicos como restaurantes, parques e shoppings. Muito choro, gritaria, deitados pelo chão no caminho de outras pessoas, se debatendo, negando-se a fazer algo ou mostrando atitudes agressivas em relação aos pais ou pessoas a sua volta. Um cenário sem dúvida assustador e constrangedor para muitos pais que se veem surpresos por encontrar naquele bebê, outrora muitas vezes dócil, esta nova criatura que mais parece uma "cri-onça".

Mas, fique tranquila que esse período terrível tem um nome: chama-se "adolescência do bebe". Nesse período, a criança, que antes era um bebê, já consolidou uma maior independência motora (anda com coordenação e equilíbrio, sobe e desce degraus, corre e tem boas noções de espaço), se comunica melhor e sua fala possui um vocabulário mais amplo, percebe e entende bem mais das relações humanas e de como o mundo funciona.
A criança ainda diferenças sutis entre as pessoas e se vê com características, interesses e vontades pessoais. Mas, asseguram psicólogos consultados pelo Tempo de Mulher, a fase é natural no desenvolvimento infantil porque é quando a criança começa a perceber que tem sua própria identidade. Essa adolescência faz parte do processo de diferenciação do eu e da construção da identidade da própria criança.

'Adolescência do bebê' é a fase onde a criança busca autonomia
Ao se aproximar dos 2 anos de idade, a criança ganha um novo e surpreendente modo de estar no mundo: a fala. Até então eram os pais e outros adultos que decodificavam seus gestos e emissões sonoras, além de decidir o que vestir, comer e demais rotinas.
A partir da fala, essa criança pode agora expressar suas vontades e começar a se inserir nesse grupo familiar com autonomia gradual fazendo questão de mostrar isto aos pais ou quem quer se aproxime. 'O que temos, então, são bebês que agora ordenam, gritam e fazem de tudo para que sua vontade seja obedecida. Caso contrário, lançam mão de todos os recursos disponíveis pra que sejam satisfeitos e haja pulmão, ouvidos e paciência dos pais', explica Kathya Mutti, psicóloga e psicodramatista pelo Instituto Sedes Sapientiae.

Essa 'adolescência' pode durar até os 3 anos
Essa 'adolescência' ocorre entre o primeiro ano e o segundo ano e meio de vida da criança. Nessa fase é esperado que a criança faça birras, pirraça e diga sempre não a tudo. 'A partir dos três já não se espera essas atitudes. Mas, se durar até os quatro anos, os pais devem se preocupar. A criança que tem todos os desejos atendidos demora mais para desenvolver o próprio eu', analisa Maria Rocha, psicóloga e diretora pedagógica do Colégio Ápice.
Para Kathya Mutti, algumas crianças têm respostas diferentes e mais brandas a esta fase que pode se estender até os 3 anos de idade. 'Em parte isto pode ser explicado pela forma como cada bebe experimentou situações de satisfação e de frustração durante seu desenvolvimento', explica a psicóloga.

Criança, nessa fase, quer também afirmar sua independência
A psicóloga Christine Bruder, da Primetime Child Development, centro de desenvolvimento infantil para bebês de 0 a 3 anos, explica que nessa fase de desenvolvimento emocional alguns comportamentos de oposição e busca por independência se intensificam na criança e, assim, ela passa a querer fazer tudo sozinha, tomar decisões, fazer escolhas e afirmar sua individualidade.
Assim, para se afirmar, a criança se opõe passando a dizer não à maioria das coisas que antes era aceitas com tranquilidade, tornando as coisas simples do dia a dia em momentos desafiadores para os pais e filhos dessa idade. 'É interessante lembrar que a própria criança oscila entre se sentir capaz de tudo e se sentir um bebê que precisa de colo e conforto dos pais quando está com medo ou frustrada', observa Christine.

Pais podem deixar crianças decidirem sobre coisas simples
Emocionalmente, observa Kathya Mutti, essa é a fase onde a criança ainda vê o mundo a serviço dela, para ela e quando ela quiser. Os pais podem e devem ajudar os pequenos nesta transição e não podem se esquecer de estabelecer limites. 'As crianças podem decidir sobre algumas coisas como roupas, brinquedos e brincadeiras e parte de algumas refeições. Mas, aquelas decisões ligadas à segurança, integridade física e emocional, ainda são os pais que decidem e ponto final, sem chantagem ou moeda de troca', opina a psicóloga, psicoterapeuta e psicodramatista pelo Instituto Sedes Sapientiae.
'Não devemos ter medo de colocar limites e dizer não para protegê-los e ensiná-los a encarar e superar as frustrações que a vida vai impor a eles. Conversem, mostrem que vocês sabem que ele está crescendo e elogiem seus acertos. Eles precisam buscar seu lugar no mundo repleto de diferenças e o lugar mais seguro e acolhedor para se preparar é onde encontramos o amor dos pais e da família, nosso porto seguro de onde partiremos para a grande aventura que é crescer e viver', recomenda a psicóloga Kathya Rocha.

Hierarquia é importante para desenvolvimento moral da criança
Em alguns lares, os pais estão ali para atender aos desejos dos filhos que são o centro do mundo para eles. Isso está errado! A autoridade dentro de casa é o pai e a mãe. Para a criança desenvolver seu juízo moral, tudo que o adulto falar deve ser lei. 'Saber que dentro de casa existe uma hierarquia é importante para o próprio desenvolvimento moral da criança. O papel dos pais é educar e preparar o filho para vida social', opina a psicóloga Maria Rocha.

Birras em locais públicos
Em situações de birras públicas, seja firme com a criança. Mostre que reprova aquilo que ela está fazendo e diga para que pare com aquele comportamento e que só vai ouvi-la se ela parar de se comportar daquele jeito. Assim que se acalmar, chegue perto dela, abaixe-se para que ela possa ver sua expressão na linha dos olhos e faça-a compreender que aquela não é a melhor maneira de se comportar.

'Mostre-lhe as consequências do seu comportamento, dê a ela outras opções de mostrar seu descontentamento com algo e combinem que vão tentar fazer de outra forma da próxima vez', recomenda a psicóloga Kathya Mutti. Mas, se nada disto funcionar, tente chamar a atenção da criança para outra coisa estimulante e desfaça este 'palco' que ela se colocou e colocou vocês também, saindo do campo tenso que se formou, pois, assim, você pode diluir esta tensão.
'Mostre a ela que você não gostou do que aconteceu e que desaprova aquele comportamento. Não a agrade em seguida ou ofereça algo que ela gosta para que pare com a birra, pois isto pode estimular novos comportamentos deste tipo, porque mesmo que ela não consiga algo, outra recompensa virá', diz a psicóloga.

Pais não podem dizer nem tanto 'não' nem tanto 'sim'
Os pais devem buscar compreender essa 'adolescência' para se sentirem mais seguros ao lidar com essa situação. É importante ter muita paciência, tranquilidade e não voltar atrás daquilo que se disse. Não dizer nem tanto 'não', nem tanto 'sim' e os pais não podem se esquecer de elogiar bons comportamentos da criança.
'Dê atenção, elogie seu filho, o faça participar das tarefas do adulto para que ele se sinta fazenda parte da família e importante na rotina familiar. Você deve dar atenção a ele quando fizer coisas certas, porque ele vai ver que esse é o caminho para chamar a atenção dos pais', recomenda Maria Rocha.

Converse com a criança os motivos daquela oposição
Converse com seu filho para saber os motivos dele por aquela escolha ou oposição. Algumas vezes, esta oposição pode esconder a insatisfação por algo que ocorreu antes da birra, então, falem sobre o que realmente motivou o descontentamento. 'Dessa maneira, a criança se sente acolhida e reconhecida nas suas novas necessidades de afirmação. Incentive-a explorar tudo o que o cerca e faça-a sentir que você a protegera dos perigos e dirá não se ela quiser fazer algo que possa machucá-la. Dessa forma, ela começa a diferenciar o que pode ou não fazer', observa a psicóloga Kathya Mutti.

Frustração é saudável nessa 'adolescência'
É importante que nem sempre o desejo dos filhos seja prontamente atendido porque a frustração faz parte do desenvolvimento saudável. A mãe não deve se mostrar desesperada em frente a uma situação de birra. Se a criança chora um pouco hoje e consegue ser atendida, amanhã ela vai chorar mais ainda sabendo que será atendida. 'Os pais devem justificar porque não vão fazer o que a criança quer de uma maneira muita direta e simples e ignorar toda vez que ela fizer uma birra', opina Maria Rocha.
No entanto, observa a psicóloga Christine Bruder, outra questão importante é que essas decisões sobre como lidar com estes comportamentos devem ser conversadas entre os pais ou cuidadores desta criança para todos agirem de comum acordo. 'A criança percebe onde é mais fácil 'furar o bloqueio' e isto cria um conflito a mais entre os pais, o que torna este processo muito mais confuso para todos', adverte a especialista da Primetime.

A fase, difícil, requer paciência e tolerância dos pais

Nesta 'adolescência do bebê', os pais devem ter muita calma, paciência e tolerância com o pequeno que só quer conquistar seu espaço, mas ainda não achou uma forma mais tranquila para marcar seu lugar no mundo. 'É uma fase muito difícil para os pais que, muitas vezes, também precisam de ajuda profissional para encarar esta situação com os pequenos', explica Kathya Mutti, psicóloga e psicodramatista pelo Instituto Sedes Sapientiae.


Fonte: http://estilo.br.msn.com/tempodemulher/amor-e-sexo/crise-dos-2-anos-10-dicas-para-lidar-com-a-adolesc%C3%AAncia-da-crian%C3%A7a

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