O brincar é importante para
o desenvolvimento cognitivo e intelectual das crianças. E brincando que eles
aprendem a agir, constrói seus conceitos e princípios morais e sociais. O ato
de brincar é importante para o desenvolvimento infantil, pois ao entrar em
contato com os brinquedos a criança tem a oportunidade de substituir objetos
reais, como por exemplo, uma cozinha de brinquedo, mesinhas, carrinhos, quadro
de giz etc.
Conforme ensina Friedman
(1992), as brincadeiras contribuem de forma significativa para a interação
entre as crianças e os adultos, em que podem experimentar novos comportamentos
e inserí-los em seu contexto social. Bons exemplos disso são as brincadeiras em
grupo, como pique-pega, pique-esconde, teatrinhos, amarelinha, etc. As
brincadeiras se apresentam de diversas formas, variando de acordo com os
costumes regionais, gerações e também a idade das crianças. Nesse sentido, esta
autora ensina que:
A brincadeira constitui-se,
basicamente, em um sistema que integra a vida social das crianças.
Caracteriza-se por ser transmitida de forma expressiva de uma geração a outra
ou aprendida nos grupos infantis, na rua, nos parques, escolas, festas, etc.,
incorporada pelas crianças de forma espontânea, variando as regras de uma
cultura a outra (ou de um grupo a outro); muda a forma, mas não o conteúdo da
brincadeira; o conteúdo refere-se aos objetivos básicos da brincadeira; a forma
é a organização da brincadeira no que diz respeito aos objetos ou brinquedos,
espaço, temática, números de jogadores, etc.(FRIEDMANN, 1992)
É um tanto quanto impreciso
definir o brinquedo apenas como instrumento que confere sensação de prazer às
crianças, e esquecer-se de uma de suas funções primordiais, que é a de
colaborar com o desenvolvimento intelectual das mesmas, nesse sentido Vygotsky
(1998) afirma que:
No entanto, enquanto o
prazer não pode ser visto como uma característica definidora do brinquedo,
parece-me que as teorias que ignoram o fato de que o brinquedo preenche
necessidades da criança, nada mais são do que uma intelectualização pedante da
atividade de brincar. Referindo-se ao desenvolvimento da criança em termos mais
gerais, muitos teóricos ignoram, erroneamente, as necessidades das crianças –
entendidas em seu sentido mais amplo, que inclui tudo aquilo que é motivo para
a sua ação.
Para este autor é importante
ressaltar que as crianças possuem necessidades que variam de acordo com sua
faixa etária, com seu desenvolvimento ao longo dos anos. Uma criança pequena
satisfaz seus desejos facilmente, ao passo que uma criança mais velha, em idade
pré-escolar, por exemplo, passa a ter grande quantidade de desejos que podem
não ser realizados de imediato. Assim, essa criança passa a criar um mundo
lúdico em que se pode realizar suas fantasias, o que faz aparecer à necessidade
de brincar e do brinquedo. De acordo com Vygostsky (1998)
No início da idade
pré-escolar, quando surgem os desejos que não podem ser imediatamente
satisfeitos ou esquecidos, e permanece ainda a característica do estágio
precedente de uma tendência para a satisfação imediata desses desejos, o
comportamento da criança muda. Para resolver essa tensão, a criança em idade
pré-escolar envolve-se num mundo ilusório e imaginário onde os desejos não
realizáveis podem ser realizados, e esse mundo é o que chamamos de brinquedo.
Assim, pode se considerar
que o brinquedo possui papel fundamental no desenvolvimento do ser humano,
criando sentimento de satisfação, felicidade, desperta a curiosidade e estimula
a criatividade. Nesse sentido diz Cunha (1992)
Os brinquedos são convites
para a interação; portanto, devem merecer nossa atenção especial. Eles podem
seduzir, disseminar ideologias, introduzir bons ou maus hábitos e desenvolver
habilidades. Certamente os brinquedos também podem ser ótimos recursos
pedagógicos.
Os brinquedos são
simultaneamente meio de brincar e instrumentos da inteligência e da atividade
lúdica. Constituem-se como um reflexo das gerações passadas, dos parâmetros
culturais desenvolvidos ao longo do tempo pelas diferentes realidades
sócio-econômicas. Portanto, é no brinquedo que a criança aprende a agir,
constrói seus primeiros conceitos, substituindo o que é real pelo lúdico, tudo
inserido em um processo que envolve fatores como sensibilidade, percepção,
atividades e interação.
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