sábado, 29 de março de 2014

Você conhece a origem do nome das cores?




As cores fazem parte do nosso dia a dia, mas você já parou para se perguntar 
de onde vêm 
seus nomes e o que eles significam?

Você já se imaginou vivendo em um mundo sem cores? Justamente por 
estarem presentes em todos os elementos do nosso dia a dia, as cores
 foram ganhando importância ao longo do tempo. Mas nem sempre existiu 
uma variedade tão grande de tonalidades como a que conhecemos hoje. 
Ou pelo menos elas ainda não tinham sido batizadas.
É difícil imaginar, mas, há muito, muito tempo atrás, as línguas nem 
mesmo tinham nomes para todas as cores, sendo que algumas acabavam
sendo representadas por uma mesma palavra. O tempo passou e as
 sociedades se viram obrigadas a criar nomes para tantas nuances diferentes.
O mais curioso é que ao observar culturas isoladas, os especialistas 
notaram que, em geral, as cores recebiam seus nomes na mesma ordem.
 Eles chamaram esse fenômeno de “hierarquia do nome das cores”, sendo 
que a ordem mais comum era preto, branco, vermelho, verde, amarelo 
e azul. Outras nuances, como roxo, marrom e rosa, por exemplo, foram 
batizadas muito tempo depois.
Fonte da imagem: Shutterstock

UM POUCO DE HISTÓRIA

Antes da pluralidade de idiomas que temos hoje no mundo, o panorama
das línguas era bastante diferente. Os linguistas defendem a ideia de que
a maioria das línguas europeias e parte dos idiomas da Ásia tiveram um
 ancestral comum, que recebeu o nome de protoindo-europeu (PIE) e
 estima-se que era falado por volta de 5 mil anos a. C.
A partir dele, muitos outros idiomas tiveram origem, incluindo as
línguas românicasda qual o português faz parte ao lado do francês, 
espanhol, italiano e romeno. Já o inglês, que é atualmente um dos
 idiomas mais falados no mundo, vem da família das línguas germânicas
de onde também surgiu o alemão e o holandês.
As línguas românicas, também conhecidas como línguas latinas,
se originaram da evolução do latim, especialmente do latim vulgar 
que era falado pelas classes mais populares. Isso explica o fato 
da origem de muitas palavras do português estar no latim, mas 
também não podemos deixar de levar em consideração a influência de
outros idiomas, como o árabe, o alemão, o francês, o inglês, o italiano e
algumas línguas africanas, por exemplo.
Abaixo você confere a história dos nomes das cores, de acordo com Mário
 Eduardo Viaro, professor de Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo,
em matéria publicada no site MundoCor e algumas definições dos nomes das
cores em inglês segundo o pessoal do Gizmodo.
(Vale notar que não existem evidências diretas do PIE porque não há registros
 escritos. Sendo assim, as palavras que conhecemos são reconstituições feitas 
a partir de outras línguas e por isso elas são sinalizadas com um asterisco.)

PRETO

Fonte da imagem: Shutterstock
Em latim, a palavra que designava a cor preta tinha uma noção de algo
denso, espesso e, por consequência, apertado. A partir daí fica mais fácil
entender a origem do nome, que está no latim appectoráre, que significava
 “comprimir contra o peito”. Com o tempo, a palavra se transformou em 
apretar e depois ganhou a forma atual.
A palavra negro, que também designa a cor escura, tem sua origem
no latim nigrum, sendo que em outras línguas latinas
ela ganhou formas bastante semelhantes:negro (espanhol), nero
 (italiano), noir (francês) negru (romeno).
Já em inglês, a palavra black remete à escuridão, assim como significa
“queimar”. Sua origem está em *blakkaz (do proto-germânico), que
 evoluiu para blaec (no inglês antigo) e chegou à forma que conhecemos hoje.

BRANCO

Fonte da imagem: Shutterstock
Em latim, o oposto da cor mais densa era albus e é justamente daí que
 temos palavras eruditas como alvo e albino, que remetem à cor branca.
Já a própria palavra branco tem origem germânica e significava originalmente 
algo reluzente, brilhante ou polido. Isso nos permite entender melhor o sentido 
da expressão “armas brancas”.
É interessante notar que a forma latina original só se manteve em romeno (alb),
sendo que as demais línguas latinas também aproveitaram a
versão germânica e formaram blanco (espanhol), blanc (francês) e bianco (italiano).
Em inglês, acredita-se que a palavra que representava a cor branca em PIE fosse
 *kwintos. Depois ela se transformou em *khwitz (proto-germânico), hvitr (nórdico antigo),
 hwit (saxão antigo) e wit (holandês). Mais algumas mudanças e a palavra virou white
 que é a forma que usamos hoje em dia.

VERMELHO

Fonte da imagem: Reprodução/Viagem Vegana
Você já ouviu falar que o pigmento vermelho é retirado de um inseto chamado
cochonilha? Pois é justamente nesse animal que está a origem do nome e da
 cor que conhecemos hoje. Coccum é o nome latino desse inseto que produz 
pigmentos em tons de vermelho. Por esse motivo, em latim, a cor escarlate 
ganhou o nome decoccinus, que chegou até o grego moderno como kókkinos.
Em português, nós perdermos o nome original do animal, mas ficamos com 
a ideia de um “pequeno verme”, que é de onde veio vermiculuma palavra que
 deu origem à nossa cor.
No proto-germânico, a palavra usada para designar objetos vermelhos era
*rauthaz que foi derivada em raudr (nórdico antigo), rod (saxão antigo) 
rØd(holandês), chegando até o red do inglês moderno.

VERDE

Fonte da imagem: Shutterstock
Curiosamente, mesmo sendo de famílias diferentes, a origem do nome da cor
 verde em inglês e português tem uma explicação bastante semelhante. Nos 
dois casos, a palavra que deu origem ao nome da cor significava crescer,
 verdejar. Em latim, o verbo é viridemque é de onde veio o nosso verde 
– além da mesma forma ter sido adotada em espanhol, romeno e italiano –,
 que se transformou em vert para os franceses.
Já em PIE, o verbo crescer era *ghre, que se tornou graenn (nórdico antigo)
egrown  (holandês). Em saxão antigo, a palavra grene indicava tanto a cor 
quanto coisas jovens e imaturas e foi daí que veio o green que conhecemos hoje.

AMARELO

Fonte da imagem: Shuttertsock
A etimologia do amarelo é um pouco mais incerta, mas acredita-se que
seja uma derivação da palavra amarus, que era o diminutivo de amargo
em latim. A relação entre o sabor e a cor pode parecer estranha, mas trata-se
de uma referência ao gosto amargo da bile.
A cor duvidosa da substância também nos chama atenção para o fato de que
durante muito tempo as divisões do espectro de cores não eram muito exatas,
o que acabava por resultar em um mesmo nome para o que hoje entenderíamos
 como duas cores.
Isso fica ainda mais claro se pensarmos que no PIE a palavra *ghel era usada
tanto para verde quanto amarelo. Ela chegou no nórdico antigo na forma
de gulr e ganhou as grafias geolu e geolwe no inglês antigo. Com o passar
do tempo, a palavra se transformou em yellow no inglês moderno.

AZUL

Fonte da imagem: Shutterstock
Embora o latim tenha uma forma que chegou até o português, a palavra
cerúleo (do latim caeruleus) é muito pouco usada. A verdade é que o nosso 
famoso azul  vem do árabe, que por sua vez veio do termo persa que designa 
uma pedra preciosa chamada lápis-lazúli. Essa forma também chegou ao espanhol 
(azul) e ao italiano (azurro).
Por outro lado, o francês não seguiu a mesma ordem das demais línguas latinas
e foi buscar o seu bleu nas línguas germânicas, onde a palavra *bhle-was (PIE)
significava brilhar. Depois veio o proto-germânico (*blaewaz) e o inglês antigo (blaw).
 Curiosamente, o blue do inglês moderno é uma das palavras de origem francesa que
compõem o idioma.

OUTRAS CORES

Fonte da imagem: Shutterstock
Quando falamos em cores, é sempre importante lembrar que muitas delas receberam
seus nomes por causa de plantas, animais e outros seres. Rosa, cinza e violeta são
 alguns exemplos bem evidentes desse processo.
Um exemplo disso é a palavra laranja, em português e orange, em inglês. Essa
cor ganhou seu nome justamente por causa da fruta que, em sânscrito, era naranga.
 Em árabe e persa, a fruta ganhou o nome de naranj e se transformou em pomme 
d’orenge em francês antigo.
O marrom é outra cor que tem sua origem em um elemento da natureza. Em francês,
marron significa castanha e é daí que vem o nome do legítimo “marron glacê”, que
é feito com castanhas. Por outro lado, o nome do fruto se manteve em algumas
 expressões, como “olhos e cabelos castanhos”.
Disponível em: http://pedagogiadobrasil.blogspot.com.br/2014_02_01_archive.html 

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