Heloísa Lück, coordenadora
da pesquisa Práticas de Seleção e Capacitação de Diretores Escolares, afirma
que o pouco tempo na função prejudica a gestão e ressalta que o essencial é o
diretor ter o
apoio da Secretaria de Educação para atingir os objetivos educacionais
Qual é a relação entre o
tempo no cargo e a qualidade da gestão?
Heloísa
Lück: O problema de ter um mandato curto é que quem está no
cargo não planeja mudanças profundas, pois sabe que não conseguirá
concretizá-las, e os professores e funcionários não se esforçam para viabilizar
as ações propostas, com a certeza de que logo haverá outro gestor, com novas
ideias e sugestões. A expectativa de permanência na função, portanto, dá mais
credibilidade ao diretor para promover as mudanças necessárias.
Existe um tempo mínimo para
que um diretor realize uma boa gestão?
Heloísa
Lück: Não. Quando ele é competente, sabe mobilizar a comunidade
em torno da promoção dos objetivos educacionais e tem interesse em fazer
mudanças contínuas. Por isso, não deve haver limite para sua permanência na
escola. O diretor deve ficar enquanto estiver contribuindo para a melhoria do
ensino.
Há como criar avaliações
periódicas para a gestão escolar?
Heloísa
Lück: Os sistemas de ensino podem promover avaliações de forma
processual e associadas a práticas de supervisão do trabalho dos diretores e de
formação contínua para eles. Só assim é possível identificar quando alguém,
apesar do apoio e da orientação, não demonstra condições de melhoria ou não consegue
desenvolver as competências básicas para a função.
Como evitar que alguém que
está no cargo há muito tempo não se acomode nem se sinta dono da escola?
Heloísa
Lück: Quando isso acontece, é porque há o distanciamento entre
as escolas e a Secretaria de Educação. Se há orientação e apoio aos diretores,
com base em uma concepção de gestão clara e em critérios de desempenho
definidos, não existe o risco de que eles se acomodem ou confundam o espaço
público da escola com uma propriedade particular.
O exercício da função de
diretor deve ser associado a uma carreira?
Heloísa
Lück: Creio ser possível combinar a perspectiva da carreira
como uma posição funcional - sujeita a níveis hierárquicos e promoções com base
em mérito e tempo - àquela que considera o cargo como um conjunto de
competências desenvolvidas ao longo da vida profissional pelo gestor. O ideal é
que ele comece em funções de vice ou supervisor pedagógico e, à medida que
ganhe experiência, assuma posições de maior responsabilidade, como a gestão de
escolas de grande porte.
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