Elaboração
|
Assessoria Pedagógica “Maria da Conceição Gonçalves Ferreira”
Antônia Maria da Silva Souza
Edivânia Rosa
da Silva
Karla Wanessa
Henrique Silva
Dulcinês
Maria da Silva
Fábio Melo da
Silva
Manoel José
dos Santos Neto
Lindinalva
Tavares da Silva
Cilene Maria
da Silva
Hermenegildo
da Silva
Carlos José
Avelino de Paula
Ivison Bartolomeu
Gomes
Maria José
Claudino Alves
Sineide da
S.C. Veríssimo
Gracielma
Joice Araújo Guabiraba
Gessyvaldo
Aleixo de Souza
Colaboradores
Gestor Escolar
José Fernando
de Almeida Alves (Colégio Fernando Augusto Pinto Ribeiro)
Coordenador Pedagógico
José Cícero
da Silva
APRESENTAÇÃO : Esta Proposta parte de um trabalho
participativo e comporta as orientações para a reestruturação da Educação de
Jovens e Adultos na Rede Municipal de Educação de Joaquim Nabuco. O material
aqui apresentado é fruto da discussão e da escuta dos principais sujeitos da
EJA: educandos, educadores, gestores e coordenadores, no período de fevereiro a
junho de 2011 e se destina ao 1º Seguimento (1ª e 2ª fases) e 2º Seguimento (3ª
e 4ª fases). Nesse trajeto, buscamos construir momentos de diálogos, estudos,
debates por meio de reuniões e encontros, como também realizamos coleta de
dados através de questionários respondidos pelos educandos e educadores de
diferentes escolas.
Dessa forma, garantimos
a participação de todos envolvidos no processo de Educação de Jovens e Adultos,
na perspectiva de que essa proposta expressasse as reais demandas da modalidade
EJA no município de Joaquim Nabuco, representando para Secretaria de Educação a
possibilidade de colocar à disposição das escolas municipais e dos professores
de educação de jovens e adultos um importante instrumento de apoio e referencial
para a prática pedagógica, visando facilitar as atividades de planejamento e
avaliação.
INTRODUÇÃO: A Proposta aqui
sistematizada apresenta a preocupação e o compromisso dos educadores, gestores,
Secretária de Educação e Governo Municipal com a melhoria do ensino da EJA no
município de Joaquim Nabuco.Para tanto, se faz
necessário entender quais são os nossos principais desafios,pois construir uma escola na qual professores e alunos
encontrem-se como sujeitos que estimula e produz conhecimentos que contribuem
efetivamente, para a vida dos alunos, é tarefa que exige o envolvimento de
todos.
Nesse sentido,
elaboramos a presente proposta, objetivando orientar o fazer do professor,
apontando para algumas especificidades dessa modalidade de ensino, pois , os
jovens e adultos buscam na escola, sem dúvida, mais do que conteúdos prontos
para serem reproduzidos. Como cidadãos e trabalhadores que são, esses alunos querem se sentir sujeitos ativos, participativos e crescer
cultural,social e economicamente.Assim, estabelecemos como eixo articulador
cultura e trabalho, os quais nortearão a ação pedagógica curricular. Nesse contexto, a
proposta visa à garantia do direito dos jovens e adultos à Educação Básica. Dessa forma, a EJA nesta proposta é
compreendida enquanto processo de formação humana plena que, deverá levar em
conta as forma de vida, trabalho e sobrevivência dos jovens e adultos, ou seja,
é considerada enquanto uma modalidade no campo do direito.
Nessa
perspectiva, faz-se imprescindível na EJA superar uma concepção dita
compensatória, cujos os principais fundamentos são a de recuperação de um tempo
de escolaridade perdido no passado e a idéia de que o tempo apropriado para o
aprendizado é a infância e a
adolescência. Sendo assim, é preciso ampliar a concepção de tempo/espaço de
aprendizagem, com o currículo pautado em uma pedagogia crítica, que considera a
educação como dever político, como espaço e tempo propícios à emancipação dos
educandos e à formação da consciência crítico-reflexivo e autônoma.
O Prof. Miguel Arroyo, nos coloca:
“Os
jovens-adultos populares não são acidentados ocasionais que, gratuitamente,
abandonaram a escola. Esses jovens e adultos repetem histórias longas de
negação de direitos. Histórias que são coletivas. As mesmas vivenciadas por
seus pais e avós; por sua raça, gênero, etnia e classe social”. (ARROYO, 2005, p. 30)
Com isso, Arroyo reforça que existe
uma divida histórica com esses sujeitos,
sendo assim, é urgente uma toma de
decisões políticas para o
resgate/inclusão desses sujeitos, as quais garantam aos mesmos as condições
necessárias para a sua atuação em sociedade. Em suma, o documento traduz o anseio da
Secretaria Municipal de Educação, em contribuir com a democratização e
efetividade do processo educacional construído pela Educação de Jovens e
adultos do Município, apontando para um currículo flexível, diversificado e
participativo, definido a partir das necessidades e interesses dos alunos, que
façam sentido, tenham significado, sejam elementos concretos na sua formação, instrumentalizando-o
para uma intervenção significativa na sua realidade.
HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Historicamente
a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil é marcada por descontinuidades e
por frágeis políticas públicas para dar
conta da demanda potencial e do cumprimento do direito, nos termos
estabelecidos pela Constituição Federal de 1988. Isso
fez com que somássemos um número cada vez mais elevado de analfabetos ou analfabetos
funcionais em nosso país, causando vergonha, desrespeito e exclusão social. Para
entendermos as causas desse processo, se faz necessário compreender a
trajetória da Educação de Jovens e Adultos no Brasil. Tudo
começa no período de colonização, ou seja, a educação de jovens e adultos
começa a delimitar seu lugar na história do Brasil com ações educativas missionárias exercida pelos religiosos,
porém, pouco
ou quase nada foi realizado oficialmente e as ações desenvolvidas não
adquiriram amplitude significativa.
Somente no Império o ensino volta a
ser ordenado. Em 1910, segundo informações do IBGE, “o direito a ler e escrever
era negado a quase 11 milhões e meio de pessoas com mais de 15 anos”. Logo,
alguns grupos sociais mobilizam-se para organizar campanhas de alfabetização
chamadas de “Ligas”. A partir de 1945, com a aprovação do Decreto nº19.513, de
25 de agosto de 1945, a
Educação de Adultos torna-se oficial. Daí por diante novos projetos e campanhas
foram lançados com o intuito de alfabetizar jovens e adultos que não tiveram
acesso a educação em período regular. Na década de 60, retoma os
principais programas de alfabetização do país, organizados pela pedagogia
humanista de Paulo Freire, na tentativa de minimizar a situação caótica. Em
1964 foi aprovado o Plano Nacional de Alfabetização orientado pela proposta de
Paulo Freire, sendo interrompido pelo Golpe Militar e seus promotores duramente
reprimidos. Em 1967, o governo assume o controle dos programas de educação de
adultos, tornando-os assistencialistas e conservadores, é quando surge o MOBRAL
(Movimento Brasileiro de Alfabetização),
que apesar de adaptar alguns dos procedimentos da educação
popular,evitava problematizar a realidade dos alunos,procurando integrá-la a
uma realidade mais “moderna”, idealizada pelo governo.
Em
1985 desacreditado, o MOBRAL foi extinto e seu lugar foi ocupado pela Fundação
Educar, que apoiava, financeira e tecnicamente, as iniciativas do governo, das
entidades civis e das empresas. E na década de 90 ocorre a extinção da Fundação
Educar, criando-se um enorme vazio na Educação de Jovens e Adultos, portanto
alguns estados e municípios assumiram a responsabilidade de oferecer programas
de Educação de Jovens e Adultos. A história da educação de jovens e adultos no Brasil chega à década de
1990, portanto, reclamando a consolidação de reformulações pedagógicas que,
aliás, vêm se mostrando necessárias em todo o ensino fundamental. Do público
que tem acorrido aos programas para jovens e adultos, uma ampla maioria é
constituída de pessoas que já tiveram passagens fracassadas pela escola, entre
elas, muitos adolescentes e jovens recém-excluídos do sistema regular. Essa
situação ressalta o grande desafio pedagógico em termos de seriedade e
criatividade, que a educação de jovens e adultos impõe: como garantir a esse
segmento social que vem sendo marginalizado nas esferas sócio-econômica e
educacional um acesso à cultura letrada que lhe possibilite uma participação
mais ativa no mundo do trabalho, da política e da cultura. (p. 34). Ribeiro (apud Brasil, 1998)
A
partir daí, fez-se necessário delinear um novo cenário para a educação de
jovens e adultos. Foram organizados eventos em nível nacional e mundial, como a
Conferência Mundial de Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia, na qual o
Brasil ratificou um acordo se comprometendo a garantir uma educação básica para
todas as crianças, jovens e adultos. O objetivo era satisfazer as necessidades
do alunado brasileiro. Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº
9394/96, reafirmou-se o direito dos jovens e adultos a um ensino básico de
qualidade e adequado as suas condições, considerando as características,
interesses, condições de vida e de trabalho do cidadão, assim como sua
gratuidade em sistemas de ensino, sendo o mesmo dever do poder público.
A resolução CNE/CEB nº. 1/2000 instituiu as Diretrizes Curriculares
Nacionais, para Educação de Jovens e Adultos. Essas diretrizes destacam que a
EJA, como modalidade da educação básica, deve considerar o perfil dos alunos e
sua faixa etária ao propor um modelo pedagógico, de modo a assegurar a eqüidade
e a diferença. Analisando a história da educação de jovens e adultos no país,
percebe-se uma longa trajetória marcada por avanços e retrocessos. Num contexto mais restrito, é possível perceber que a Educação de Jovens
e Adultos na Rede Municipal de Joaquim Nabuco, também passou por todo um
processo de avanços e retrocessos, e hoje pretende de forma coletiva constituir
uma educação de adultos que considere essa modalidade educativa no campo do
direito, superando a concepção dita compensatória, mudando a maneira como a EJA
é concebida e praticada, na perspectiva de buscar novas metodologias, as quais
considerem os interesses dos jovens e adultos, com formas de ensino articuladas
com o mundo do trabalho, tendo como foco a formação de educadores e a renovação
do currículo.
EIXOS ARTICULADORES: Partindo das reflexões feitas no processo de construção
da Proposta para Educação de Jovens e Adultos, definimos os eixos cultura e trabalho como articuladores da ação pedagógico-curricular. A cultura compreende a forma de produção
da vida material e imaterial e compõem um sistema de significações envolvido em
todas as formas de atividade social (WILLIANS,1992). No terreno da formação humana, a cultura
é o elemento de mediação entre o individuo e a sociedade e, nesse sentido, tem
duplo caráter: remete o individuo à sociedade e é, também, o intermediário
entre sociedade e a formação do indivíduo (ADORNO,1996). Nesse sentido, a cultura compreende:
“desde a mais sublime música
ou obra literária, até as formas de destruir-se a si mesmo e as técnicas de
tortura, a arte,a ciência, a linguagem, os costumes, os hábitos de vida os
sistemas morais, as instituições sociais,as crenças, as formas de trabalho”.
(SACRISTÀN, 2001, P.105).
Como
elemento de mediação da formação humana, torna-se objeto da educação, a qual se
traduz, na escola, em atividade curricular. Desse modo, pode-se compreender o
currículo:
“como a porção da cultura –
em termos de conteúdos e práticas (de ensino, avaliação, etc) – que, por ser
considerada relevante num dado momento histórico, é trazida para a escola, isso
é, é escolarizada”. (WILLIAMS, 1984).
De
certa forma, então, um currículo guarda estreita correspondência com a cultura
na qual ele se organizou, de modo que ao analisarmos um determinado currículo,
poderemos inferir não só conteúdo que, explicita ou implicitamente, são vistos
como importantes naquela cultura, como também, de que maneira aquela cultura
prioriza alguns conteúdos em detrimentos de outros, isso é, podemos inferir
quais foram os critérios de escolha que guiaram os professores, gestores, etc.
que montaram aquele currículo (VEIGA-NETO,1995). Dessa forma, a cultura abarca toda produção humana e inclui, também
o trabalho e todas as relações que ele perpassa. Assim, o trabalho é a ação pela qual o homem transforma a
natureza e transforma-se a si mesmo.
Quando colocamos a ênfase no trabalho, não significa reduzi-lo
à preocupação em apenas preparar o trabalhador para atender às demandas de
mercado, mas situar numa perspectiva mais ampla, a considerar a constituição
histórica do ser humano, sua formação intelectual e moral, sua autonomia e
liberdade individual e coletiva, sua emancipação. Nessa perspectiva, o currículo é entendido nessa proposta como
uma prática de significação e, como tal, vinculado à prática produtiva, às
relações sociais e de poder, enfim uma prática que produz identidades sociais,
capaz de romper com uma cultura
histórica que privilegiava uma forma mecânica de organização de saberes, com
uma lógica disciplinar que hierarquiza e fragmentar o conhecimento,
impossibilitando uma aprendizagem analítica, crítica e sobre tudo
significativa.
Para tanto, se faz necessário, entender que mesmo com tempos
diferenciados do currículo na escola regular não significa tratar os conteúdos
de forma precarizada ou aligeirada na EJA. Ao contrário, devem ser abordados
integralmente, considerando os saberes adquiridos pelos educandos ao longo de
sua história de vida, pois, os adultos não são crianças grandes e têm clareza
do porquê e para que estudar. Nesse sentido, os
conteúdos estruturantes dessa proposta são os mesmos do ensino regular, no
nível Fundamental, porém, com encaminhamentos metodológicos diferenciados,
considerando as especificidades dos (as) educandos (as) da EJA, pois o público
adulto possui uma bagagem cultural e de conhecimentos adquiridos em outras
instancias sociais. Assim é possível tratar do mesmo conteúdo de formas e tempos
diferenciados, tendo em vista as experiências e trajetórias da vida dos
educandos da EJA.
PRINCÍPIOS
NORTEADORES: Para definirmos alguns princípios pedagógicos na Educação de Jovens e
Adultos é preciso refletirmos sobre três questões fundamentais: quem são os
jovens e adultos atendidos por essa modalidade de ensino? Por que educá-los?
Como educá-los? Nesse
sentido, é fundamental pensarmos sobre esse público, suas características e
especificidades, entender esses sujeitos é de extrema importância
para o educador que pretende lidar com esse púbico. Nessa perspectiva, esta proposta é
precedida por alguns princípios norteadores – interdisciplinaridade, respeito
às especificidades, educação de Jovens e Adultos como direito e educação como
formação humana, os quais, não são estanques, estão relacionados e articulados
entre si.
Ø ABORDAGEM
INTERDISCIPLINAR
Tomamos
este principio não como a junção de disciplinas, mas como forma de superar um
currículo fragmentado, disciplinar, na perspectiva de construir uma visão de
totalidade sobre o conhecimento.
“Interdisciplinaridade é o
processo que envolve a integração e engajamento de educadores, num trabalho
conjunto, interação das disciplinas do currículo escolar entre si e com a realidade, de modo a superar
a fragmentação do ensino, objetivando a formação integral dos alunos, a fim de
que possam exercer criticamente a cidadania, mediante uma visão global de mundo e serem capazes de
enfrentar os problemas complexos,amplos e globais da realidade atual”. (Lück,
1994:63).
Um ensino calcado apenas num conjunto de disciplinas isoladas e sem
interação entre si, não é suficiente
para atingir um aluno que já traz uma bagagem construída no seu cotidiano.
Ø RESPEITO AS
ESPECEFICIDADES
Considerar quem são os verdadeiros sujeitos dessa modalidade de ensino,
saber de suas habilidades, suas necessidades, expectativas em relação à escola,
em fim, suas vivências, é de suma importância para a construção de uma proposta
pedagógica. É fundamental perceber quem é esse sujeito com o qual lidamos para
que os conteúdos a serem trabalhados façam sentido, tenham significado, sejam
elementos concretos na sua formação, instrumentalizando-o para uma intervenção
significativa na sua realidade.
Ø EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS COMO DIREITO
Tomamos
este principio como fundamental para superação de uma concepção compensatória,
cujos principais fundamentos são a recuperação de um tempo de escolaridade
perdido no passado e a idéia de que o tempo apropriado para o aprendizado é a
infância e a adolescência. É preciso estabelecer uma concepção mais ampla das
dimensões tempo/espaço de aprendizagem, entendendo que a juventude e a vida
adulta são também tempos de aprendizagens.
ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS: A Metodologia definida nesta
Proposta tem como objetivo orientar a ação pedagógica, de forma coerente com os
princípios norteadores e as especificidades da modalidade, ou seja, se faz
necessário que o educador perceba o seu aluno como um interlocutor ativo do
processo e como sujeito que traz consigo um legado cultural – conhecimento do
senso comum e um saber popular, construído no cotidiano, em suas vivencias com
o outro e com o meio.
Nesse sentido, as orientações
metodológicas estão direcionadas para um currículo do tipo disciplinar, que não
deve ser entendido como na pedagogia tradicional, que fragmenta o processo de
conhecimento e o hierarquiza nas matérias escolares. O currículo deve ter forma
de organização abrangente, na qual os conteúdos culturais relevantes estejam
articulados à realidade do educando. Dessa forma, a organização
curricular deverá ser coerente com as seguintes perspectivas:
I - O conhecimento historicamente
se constrói por todos os homens na relação e nas suas práticas sociais, assim
se faz necessário ser assumido como produção coletiva. Dessa forma, precisamos
pôr em interação todos os sujeitos, uns com os outros, rompendo com a tradição
de que o conhecimento se dá de professor
para o aluno, e não entre todos os sujeitos da classe, cuja variedade de
saberes assegura a riqueza, a troca, a
possibilidade de reconhecer que os saberes são diferentes, e por isso devem ser
valorizados e respeitados;
II – O mundo do trabalho deve
ter um papel destacado na modalidade da EJA como espaço de produção de saberes,
assim como outros âmbitos de ação social que precisam ser reconhecidos pelos
professores e legitimados na sala de aula;
III – A aprendizagem se dá no
confronto de saberes diferentes, em relação dialógica de sujeitos que se (re)
conhecem, como protagonistas de suas histórias, deve-se apostar na variedade, entendendo
que todos não chegarão a um lugar comum, mas perceber como essas histórias
possibilitarão as novas aprendizagens do sujeito, de forma singular.
IV
– O conhecimento dota o sujeito para agir de forma que transforme a realidade,
assim podemos entender que o aprender é vivo de significados, nessa perspectiva
os conteúdos devem ser definidos considerando as práticas sociais e as
exigências das sociedades contemporâneas, com uma organização de currículo
contextualizado.
Para
tanto se faz necessário um modelo de ensino por resolução de problemas; o uso
de diferentes estratégias metodológicas para a aprendizagem de diferentes
conteúdos; a aprendizagem significativa que deve partir dos conhecimentos
prévios dos alunos; a interação entre os pares.
Nesse
contexto, a atuação do educador da EJA, é fundamental para que os educandos
percebam que o conhecimento tem a ver com o seu contexto de vida, que é repleto
de significação. Assim, os docentes se comprometem, com uma metodologia de
ensino que favorece uma relação dialética entre sujeito-realidade-sujeito.
Para
Freire (1996), a necessidade de uma pedagogia libertadora implica superar uma
tradição pedagógica mecanicista e apolítica do processo de conhecimento na
escola, uma vez que percebe e valoriza as diversidades culturais dos educandos
como parte integrante do processo educativo.
Dessa
forma, propões-se a organização de um modelo pedagógico próprio para esta
modalidade de ensino, o qual propicie condições adequadas para a satisfação das
necessidades de aprendizagem dos educandos nas suas especificidades, tendo em
vista que a seleção de conteúdos e as respectivas metodologias para o seu
desenvolvimento representam um ato político, pedagógico e social.
AVALIAÇÃO: A avaliação é uma questão
desafiadora no ensino em geral, assumindo na Educação de Jovens e Adultos
algumas características especificas.
Dessa forma, se faz necessário
priorizar alguns critérios para o acompanhamento da aprendizagem, os quais estejam
em sintonia com uma concepção de avaliação que privilegie práticas avaliativas
diversificadas, que acompanhe o aluno em seus progressos e dificuldades e
forneçam indicadores para o aprimoramento do trabalho pedagógico, na
perspectiva de inclusão e emancipação.
Assim
compreendida, ela se faz presente, desde o inicio da prática educativa,
orientando o (a) professor(a) e os alunos na busca dos objetivos planejados.
Considerando todos os
aspectos referendados, optamos por:
1.
Utilizar o diálogo como mediação
entre educando (a) e educador(a), para favorecer o acompanhamento do percurso
da aprendizagem de forma mais participativa e democrática.
2.
Refletir sobre o ato de aprender do(a) educando(a) e do(a)
educador(a), valorizando as experiências
vividas durante o acompanhamento do percurso da aprendizagem, para dinamizar o
processo educativo.
3.
Estimular o (a) educando(a) a participar ativamente do
acompanhamento do percurso da aprendizagem, de forma a analisar criticamente o
seu próprio desenvolvimento para detectar os aspectos em que já avançou e
aqueles que carecem de maior estudo; colaborando, assim, para a reorientação do
trabalho educativo.
4.
Considerar a produção diária do (a) educando(a) como instrumento
de coleta, visando à tomada de decisão sobre a reorganização do trabalho
educativo.
5.
Considerar, no acompanhamento do percurso, sempre que necessário
reorientação de aprendizagens que ainda não ocorreram, propondo, numa ação
consciente, novas alternativas que venham a garantir a aprendizagem de todos (as)
os (as) educandos( as).
6.
Recolher e corrigir, durante o acompanhamento do percurso, as
produções do (a) educando (a), considerando e respeitando a sua autoria, de
forma a evitar riscos e rasuras que desqualificam suas experiências.
7.
Descrever, através de registros bimestrais, o acompanhamento do
processo de aprendizagem do (a) educando (a). Esse deve traçar a trajetória
educacional do período de permanência no espaço educativo, com base no
desenvolvimento do (a) educando (a) como pessoa humana e a sua participação
crítica na sociedade, assumindo um compromisso com a educação humanizadora
e emancipatória.
Nenhum comentário:
Postar um comentário