Ser alfabetizado, saber ler, escrever e as quatro
operações matemáticas, já se sabe há muito tempo, é requisito para a plena
inserção do cidadão na sociedade. Mas, na medida em que a sociedade se organiza
cada vez mais em torno da internet, criando a "Sociedade da
Informação", outra alfabetização além desta é necessária: a alfabetização
digital. Assim como não aprendemos automaticamente a escrever quando ganhamos
uma caneta ou um lápis, também não aprendemos a usar todas as potencialidades
do computador e da internet sem um treinamento adequado.
Quais são as habilidades chaves desta nova alfabetização? A aprendizagem de
ferramentas de comunicação digital e a existência de redes para acessar,
manipular, criar e avaliar informação, segundo a Comissão Européia para a
promoção da alfabetização digital. Ou, como define o educador Celso Niskier:
"aprender a colaborar, aprender a usar a informação, aprender a resolver
problemas e aprender a aprender".
Estar incluído
digitalmente
Em primeiro lugar, é
preciso estar "incluído". Isso significa ter acesso a um computador e
à internet. A construção de telecentros em bairros periféricos, por exemplo,
tanto pela iniciativa pública quanto privada é altamente necessária neste contexto.
O uso de softwares livres, os programas de computador que podem ser baixados
livremente na internet sem a necessidade de pagar por eles, também é outro
ponto importante, pois baixa drasticamente o custo de instalação de programas
no computador.
Para medir a inclusão digital num país, não basta quantificar o número de
computadores por casa. Este método é bastante usado, mas não é um indicador
preciso. Outras medidas importam, como o tempo que o indivíduo tem para acessar
a rede, a qualidade do acesso e a constante atualização de hardware, a parte
física dos computadores, e de softwares, os programas que usamos. Além disso, o
potencial de aproveitamento da inclusão digital dependerá diretamente da
capacidade de leitura e interpretação da informação pelo usuário. Assim,
combater a exclusão escolar é também combater a exclusão digital. A
alfabetização básica é o início da oportunidade de condições para o uso do
computador e da internet.
Dominar a
tecnologia: conhecimento do hardware e de diversos softwares
Depois de ter acesso,
aprender o funcionamento básico do hardware, ou como funciona a parte física do
computador, é o primeiro passo para se ter domínio sobre com salvar e
transportar informação para outros computadores. Saber que existe uma memória
rígida na máquina, onde gravamos o conteúdo que nos interessa, por exemplo, e
depois quais são e como usar os dispositivos móveis de memória, como o CD-ROM,
o disco removível (pen drive), possibilita uma primeira apropriação do
computador. Em paralelo a este conhecimento, é preciso desenvolver o
aprendizado dos softwares, os programas que se usa para diversas funções. Para
elaborar um currículo é necessário aprender a manipular um "processador de
texto". O mais conhecido deles é o "Word", programa da empresa
Microsoft. O Word está dentro de um conjunto de aplicativos para computador
chamado "Office", que reúne outros programas muito usados no mercado
atual de trabalho: o Excel, para desenvolver planilhas de cálculos e organizar
diversos dados e o Power Point, muito usado para a apresentação de resultados
ou projetos em empresas e cursos. Depois, para mandar o currículo elaborado, é
preciso saber usar um navegador na internet, usado para a visualização das
páginas, como o Firefox e o Internet Explorer.
Outra alternativa é usar o pacote "Open Office", conjunto de
softwares gratuitos, possíveis de serem acessados através da internet. Este
treinamento básico geralmente é oferecido em cursos para iniciantes, tanto em
escolas pagas, como em iniciativas gratuitas nos Telecentros, por exemplo.
Adquirir
conhecimentos e habilidades para buscar, selecionar, analisar, compreender e
recriar informações acessíveis digitalmente
Se você retira um
livro na biblioteca, identifica rapidamente quem é o autor, quais os outros
livros ele escreveu, lê a orelha da capa e já sabe o que esperar do conteúdo.
Na internet, em um ambiente com milhares de páginas de conteúdo que aparecem de
forma fragmentada, contextualizar a informação que se acessa através de
buscadores como o Google não é tarefa das mais fáceis. Por isso, conhecer as
principais formas de busca de informação na internet, ter critérios para
selecionar e reconhecer qual é o volume de informações necessário para resolver
determinado problema, analisá-las e compreendê-las de forma crítica, assim como
não acreditar piamente em tudo que está escrito antes de interpretar o contexto
é fundamental para aproveitar com qualidade o grande banco de dados que é a
rede.
Usar de forma eficaz a informação encontrada em função de um objetivo
previamente determinado é um parâmetro para identificar um bom desenvolvimento
nestas competências. Às vezes, achamos um site e acreditamos que ele é a única
fonte daquelas informações. Mas é preciso tomar cuidado, pois muitas vezes o
que está ali pode ter sido copiado de qualquer outro lugar, até de um livro, e
não apresentar a referência correta. Saber identificar isso é fundamental para
o uso da internet como fonte de pesquisas escolares, e é necessário
"alfabetizar" os jovens neste uso.
Na sala de aula, uma forma de incentivar o desenvolvimento destas habilidades é
fazer com que o aluno construa um pequeno banco de dados de informações sobre
um determinado tema, selecionando o que é importante e o que não.
Usar a tecnologia
no cotidiano, não só como entretenimento e consumo, mas também como meios de
expressão e comunicação com a comunidade
Aprender a partilhar
informação em redes sociais, fóruns de discussão, e-mails, blogs e sites é
outra função importante da alfabetização digital. Em uma pesquisa sobre
exclusão digital feita pelos pesquisadores Bernardo Sorj e Luís Eduardo Guedes, as pessoas que
acessavam a internet pela primeira vezes nas favelas do Rio de Janeiro tinham
dificuldade em mandar e-mail, pois suas redes de relações sociais não estavam
incluídos digitalmente. Então como partilhar informações com a comunidade se
ela não está online?
Cada rede social e ferramenta de publicação na internet é direcionada para um
determinado tipo de experiência, apesar das pessoas poderem fazer o uso que
quiserem destas ferramentas. Um blog pode ser um diário online, um caderno de
receitas aberto, ter textos de ficção ou jornalísticos, e pode ser também usado
para fins educativos. O Orkut pode ser usado para
conhecer pessoas e conhecê-las no mundo real, ou não. A amizade pode ser
virtual e trazer novas informações para os envolvidos. Já um site serve como um
arquivo de textos, informações, fotos, enfim, tudo o que o autor quiser
disponibilizar para seu público leitor.
A mais nova ferramenta que mistura mensagem instântanea, como uma mensagem de
texto no celular, blog e rede social é o Twitter. É só acessar e
criar um cadastro gratuito. Depois disso, é possível importar contatos que
estão nos e-mails pessoais e começar a "seguir" seus amigos, que
serão a sua rede social. Você poderá ver todo o conteúdo digitado pelas pessoas
seguidas, e vice-versa: quem segue você pode ver o que você escreve.
Links:
Para entrar em redes Sociais
Para fazer Blogs
Para fazer sites
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